Primeiramente quero dizer que me formei faz pouco tempo, meu
estágio aconteceu no setor dos benefícios eventuais, e meu primeiro emprego
está sendo no CREAS (Centro de Referencia Especializado em Assistência Social).
Assim que fui selecionada para atuar no CREAS, a primeira coisa que fiz foi me
embasar teoricamente sobre a instituição, como agir, os usuários atendidos,
enfim, procurei entrar preparada pelo menos teoricamente de como trabalhar de
forma ética para responder as demandas da comunidade.
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) configura-se como uma unidade pública
e estatal, que oferta serviços especializados e continuados a famílias e
indivíduos em situação de ameaça ou violação de direitos (violência física,
psicológica, sexual, tráfico de pessoas, cumprimento de medidas socioeducativas
em meio aberto, etc.) (MDS, 2013).
Quando cheguei à instituição de cara tinha um oficio do
conselho tutelar acerca de um abuso sexual cometido contra uma adolescente por
seu vizinho, com o agravo desta adolescente sofrer de um transtorno mental.
Então juntamente com a psicóloga fomos visitar a família, e lá chegando fomos
recebidas pelos pais da adolescente e juntamente pela mesma, eles se sentiam um
pouco envergonhados e demoraram um pouco para abordar o assunto.
A mãe da vitima contou toda a historia, a mesma disse que o
acusado do abuso era um vizinho da família, e que o mesmo era uma pessoa de
confiança e que também tem duas filhas, sendo uma da mesma idade da vitima. A
mãe relata que tinha saído de casa juntamente com sua filha para ir ao mercado,
e na volta entrou na casa de uma amiga e deixou sua filha ir para casa sozinha,
e passado alguns minutos foi para casa e se deparou com o acusado saindo pelas
portas do fundo da casa, ela achando estranho perguntou o motivo e o mesmo
disse que estava procurando pelo seu marido, porém ao entrar dentro de casa viu
a filha em um canto de parede sem falar nada, achando estranho perguntou a
filha o que estava acontecendo, porém a menor nada respondia, então decidiu
imediatamente leva-la ao hospital e lá chegando a mesma foi encaminhada ao IML
e foi constatado o abuso pelo ânus. O acusado está preso, porém a mãe nos conta
que o comportamento da filha mudou muito, sendo que ela fica tomando banho
direto, chora muito, está muito mais apegada ao pai, diz muitos palavrões e
também adquiriu uma “tara”, enfim ela já sofria de um transtorno mental e
depois desse abuso até os medicamentos não estão mais servindo para acalmá-la. A
mãe se mostrou bastante abalada, chorou bastante e disse não saber o que fazer
para que sua filha volte a ser como era antes.
Devido ao fato da criança não ser preparada psicologicamente
para o estímulo sexual, e mesmo que não possa saber da conotação ética e moral
da atividade sexual, quase invariavelmente acaba desenvolvendo problemas
emocionais depois da violência sexual. A criança, mesmo conhecendo e apreciando
a pessoa que o abusa, se sente profundamente conflitante entre a lealdade para
com essa pessoa e a percepção de que essas atividades sexuais estão sendo
terrivelmente más. Ela também pode experimentar profunda sensação de solidão e
abandono. Mudanças bruscas no comportamento, apetite ou no sono pode ser um
indício de que alguma coisa está acontecendo, principalmente quando estar só ou
quando o abusador estiver perto (ONOFRI, 2013).
Depois de escutar, fizemos o cadastro da família para um
acompanhamento da equipe do CREAS, e no primeiro momento encaminhamos tanto a
menor quanto a mãe para o setor psicológico da instituição.
Constatado a violação de direitos dessa menor, faz-se
necessário uma ação de toda equipe do CREAS para buscar resolver essa
problemática, e no tocante ao papel do serviço social e dentro de seu contexto
social, deve focar no fortalecimento dos recursos para a superação da situação
apresentada e fortalecer os vínculos na comunidade, já que a família se mudou
por vergonha.
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